Olá! Muitas das questões as quais, em nossos dias, têm provocado preocupação, medo e pânico nas pessoas estão relacionadas ao meio ambiente. Considerando que o Ocidente apresenta, em seus fundamentos culturais, uma doutrina de medo e culpa, pode-se visualizar ao quanto desta culpa e deste medo se recorre quando se trata de questões como estas, as quais afetam a todos. E, também, o quanto do que é dito, ensinado e demonstrado (neste particular) às pessoas, não recorre à razão das pessoas: antes, a outras instâncias decisórias mais facilmente atingíveis quando se visa a que as pessoas se comportem conforme se quer que estas se comportem. E creio, ainda, não ser este o único caminho possível relativamente a tais questões, e tampouco o melhor a ser adotado, considerando-se o que poderia advir da manutenção de tal método. Inicialmente, deve-se considerar que surgem outras perspectivas acerca do tema, as quais passam ao largo do medo e da culpa fundamental (e do que destes decorre), contudo não deixam de contemplar a responsabilidade a qual nos cabe no relativo ao assunto (se ainda não devidamente incorporadas ao cotidiano das pessoas, reconheço, talvez possamos dizer que, pacientemente, sistematicamente e persistentemente, por meio de ações coordenadas e visando tão somente à solução ou encaminhamento dos problemas, atingiremos o ponto ao menos aceitável para tais questões) . Partindo daqui a um tema mais específico,, abordarei de forma geral a questão das sacolinhas plásticas, da relação destas com o problema ambiental e com questões relativas à cidadania e às pessoas. Desde o final de janeiro deste ano, foi lançada uma campanha para abolir o uso das sacolas plásticas quando das compras, pelo consumidor, em supermercados, e o fundamento de tal campanha é exatamente a relação entre as sacolas plásticas e o meio ambiente, partindo-se do princípio de que não há alternativa que não esta. A maioria das pessoas acabou aderindo, dada a força e a imponência do edifício ideológico que sustenta tal campanha. E mesmo que, em algumas cidades, tenham sido editadas leis as quais obrigam os estabelecimentos a fornecerem as sacolinhas (aqui onde moro há Lei Municipal neste sentido), continua-se a não fornecê-las, em boa parte por conta de um consenso admitido pelas pessoas em torno do tema. Tentarei demonstrar que ninguém precisa se sentir culpado ao acionar os órgãos fiscalizadores visando ao cumprimento destas leis: pelo contrário. O item “sacolas plásticas” representa para o setor uma despesa anual de R$ 200 milhões (não disponho agora da referência sobre se tal valor é relativo à região onde moro ou ao Estado de São Paulo inteiro), já repassada ao consumidor final. Deste modo, a não utilização das sacolinhas adiciona, grosso modo, uma receita de R$ 200 milhões ao setor (nos termos de indicação anterior), diante da qual se pode perguntar se tal receita se refletirá em queda no preço final dos produtos ou em apenas aumento de lucratividade. Deve-se considerar que a atividade econômica relativa às sacolinhas emprega cerca de 30 mil pessoas: deste modo, o aumento de um lado se refletirá em perda de outro (também grosso modo, o “ônus de externalidade negativa” o qual incide sobre a atividade das sacolinhas, e consequentemente, sobre boa parte das pessoas nesta empregadas).
Falemos, agora, do “edifício ideológico” o qual sustenta a adesão das pessoas a tal iniciativa. Os fundamentos de tal edifício são uma doxa (palavra grega que significa crença comum ou opinião popular) a qual elegeu as sacolinhas plásticas como ícone de uma cultura a ser combatida (a cultura dos “descartáveis”, a qual ganhou força a partir da segunda metade do Século 20; inicialmente, nada contra: a questão é mesmo complexa e deve ser analisada em profundidade e amplitude, a partir de argumentos os quais se sustentem à luz de tudo o que se sabe; neste ponto, em minha opinião, começa o problema). Fica claro que deixar de usar as sacolinhas é desejável a um dos lados, por conta do anteriormente exposto; porém, e considerando que há um tempo as sacolinhas estão presentes na vida das pessoas (sim, são úteis; dos problemas relacionados a elas, falo mais abaixo), não seria possível o sucesso de tal medida sem a adesão das pessoas. Considerando o exposto acima, obtém-se esta adesão a partir do seguinte mecanismo (créditos não meus, e estrutura aplicável, infelizmente, a muito – bem, bem longe de ser a tudo, ressalto): cria-se uma doxa (crença comum ou opinião popular); sobre tal crença comum se levanta um edifício ideológico (na construção do “edifício” ao qual me refiro aqui, notar notar a farta utilização de “materiais” os quais recorrem diretamente a sensações, sentimentos e análogos, em detrimento de argumentos os quais falem diretamente à razão das pessoas; exemplos: fotografias de animais enroscados em sacolas plásticas – volto a falar disto -, um ícone do planeta Terra como que “sufocado” por um filme plástico o qual lembra o de que são feitas as sacolas plásticas, de forma a canalizar, assim, menos a razão das pessoas que outras instâncias a serem consideradas na análise de uma questão assim complexa), e, por fim, e principalmente, sataniza-se as pessoas as quais adotam posição divergente a tal doxa: um exemplo disto é que, nos dias os quais se seguiram ao início da aplicação da estratégia em larga escala, utilizou-se o termo “insensibilidade ao problema ambiental” para qualificar as pessoas que, de alguma forma, discordavam de tal medida (o que, dado o cenário atual, seria uma pecha a qual ninguém gostaria de ostentar; deste modo, caminho quase livre para o sucesso da iniciativa pretendida). E, de fato, a maioria das pessoas acabou acreditando que a definitiva não utilização das sacolinhas é a única solução possível para se lidar com a questão. Tenciono, aqui, demonstrar tanto não haver esta insensibilidade em todas as pessoas (recorrer ao maniqueísmo turva a qualidade do debate), quanto haver outras perspectivas a serem adotadas acerca deste tema, sem deixar de contemplar a lógica do desenvolvimento sustentável. Partamos, assim dos três “R”s do desenvolvimento sustentável: reduzir, reutilizar, reciclar. Sacolinhas soltas no meio ambiente são um problema? Sim. A indústria das embalagens tem apresentado alternativas de menor impacto ao meio ambiente? Sim. A coleta seletiva de lixo funciona adequadamente na maioria das cidades? Não. Desta forma, poderia-se pensar no seguinte: sacolinhas que trazem impressas, nas cores aplicáveis à coleta seletiva, instruções simples sobre a necessidade de separação do lixo, para a destinação do qual se usaria a própria sacolinha em questão; deste modo, com um programa cuidadosamente planejado e adotadas a educação e a instrução, as sacolinhas seriam reutilizadas (para a destinação do lixo na coleta seletiva) e poderiam, também com o desenvolvimento do que for necessário, ser recicladas (ressalte-se ainda que, segundo esta lógica, seria sensivelmente diminuída a quantidade de “sacolinhas soltas” no meio ambiente). E chegamos a um ponto importante: a redução no volume de sacolinhas utilizadas, dada a possibilidade de um número de pessoas optarem por não utilizá-las, enquanto outro número de pessoas opta por utilizar menos (por exemplo, em compras pequenas, ou quando se parte de casa, usa as sacolas permanentes; em outras situações, as sacolinhas). Assim (e considerado o que tal lógica demanda, o que não seria talvez um desafio impossível, dada a preocupação com o tema), seria garantida tanto a liberdade de escolha por parte das pessoas quanto a contemplação dos “Três ‘R’s” (reduzir, reutilizar, reciclar), em harmonia com os princípios do desenvolvimento sustentável; e também seriam preservados os empregos de cerca de 30 mil pessoas (as quais trabalham na atividade relacionada às sacolinhas) e criados muitos outros por meio da implantação de coleta seletiva eficiente de lixo, bem como o manejo adequado desta questão do ponto de vista ambiental. Fica demosntrado, desta forma, que há alternativas para se lidar com a questão, contemplando o desenvolvimento sustentável, a cidadania e as pessoas. Porém, há algo ainda que me preocupa. Se a maioria de nós adota (por conta do exposto) a postura de abdicar da cidadania relativamente a uma questão referente a uma relação de consumo, quais perspectivas se desenham no horizonte no que diz respeito a outras relações? Cidadania é imprescindível, e, neste particular, ninguém precisa se sentir culpado (vide o exposto neste texto) por recorrer ao legalmente previsto. E, por último, a partir da iniciativa relativa às sacolinhas, se pode começar a questionar uma forma de pensamento (econômico, gerencial, e o mais aplicável) e os efeitos que a manutenção de tal forma de pensamento trazem sobre o meio ambiente, a cidadania e a vida das pessoas. Valhamo-nos também da razão, e de tudo o que se sabe sobre um determinado assunto. Sim, a questão é complexa e não se encerra aqui: espaço aberto à divergência. Um abraço!
Falemos, agora, do “edifício ideológico” o qual sustenta a adesão das pessoas a tal iniciativa. Os fundamentos de tal edifício são uma doxa (palavra grega que significa crença comum ou opinião popular) a qual elegeu as sacolinhas plásticas como ícone de uma cultura a ser combatida (a cultura dos “descartáveis”, a qual ganhou força a partir da segunda metade do Século 20; inicialmente, nada contra: a questão é mesmo complexa e deve ser analisada em profundidade e amplitude, a partir de argumentos os quais se sustentem à luz de tudo o que se sabe; neste ponto, em minha opinião, começa o problema). Fica claro que deixar de usar as sacolinhas é desejável a um dos lados, por conta do anteriormente exposto; porém, e considerando que há um tempo as sacolinhas estão presentes na vida das pessoas (sim, são úteis; dos problemas relacionados a elas, falo mais abaixo), não seria possível o sucesso de tal medida sem a adesão das pessoas. Considerando o exposto acima, obtém-se esta adesão a partir do seguinte mecanismo (créditos não meus, e estrutura aplicável, infelizmente, a muito – bem, bem longe de ser a tudo, ressalto): cria-se uma doxa (crença comum ou opinião popular); sobre tal crença comum se levanta um edifício ideológico (na construção do “edifício” ao qual me refiro aqui, notar notar a farta utilização de “materiais” os quais recorrem diretamente a sensações, sentimentos e análogos, em detrimento de argumentos os quais falem diretamente à razão das pessoas; exemplos: fotografias de animais enroscados em sacolas plásticas – volto a falar disto -, um ícone do planeta Terra como que “sufocado” por um filme plástico o qual lembra o de que são feitas as sacolas plásticas, de forma a canalizar, assim, menos a razão das pessoas que outras instâncias a serem consideradas na análise de uma questão assim complexa), e, por fim, e principalmente, sataniza-se as pessoas as quais adotam posição divergente a tal doxa: um exemplo disto é que, nos dias os quais se seguiram ao início da aplicação da estratégia em larga escala, utilizou-se o termo “insensibilidade ao problema ambiental” para qualificar as pessoas que, de alguma forma, discordavam de tal medida (o que, dado o cenário atual, seria uma pecha a qual ninguém gostaria de ostentar; deste modo, caminho quase livre para o sucesso da iniciativa pretendida). E, de fato, a maioria das pessoas acabou acreditando que a definitiva não utilização das sacolinhas é a única solução possível para se lidar com a questão. Tenciono, aqui, demonstrar tanto não haver esta insensibilidade em todas as pessoas (recorrer ao maniqueísmo turva a qualidade do debate), quanto haver outras perspectivas a serem adotadas acerca deste tema, sem deixar de contemplar a lógica do desenvolvimento sustentável. Partamos, assim dos três “R”s do desenvolvimento sustentável: reduzir, reutilizar, reciclar. Sacolinhas soltas no meio ambiente são um problema? Sim. A indústria das embalagens tem apresentado alternativas de menor impacto ao meio ambiente? Sim. A coleta seletiva de lixo funciona adequadamente na maioria das cidades? Não. Desta forma, poderia-se pensar no seguinte: sacolinhas que trazem impressas, nas cores aplicáveis à coleta seletiva, instruções simples sobre a necessidade de separação do lixo, para a destinação do qual se usaria a própria sacolinha em questão; deste modo, com um programa cuidadosamente planejado e adotadas a educação e a instrução, as sacolinhas seriam reutilizadas (para a destinação do lixo na coleta seletiva) e poderiam, também com o desenvolvimento do que for necessário, ser recicladas (ressalte-se ainda que, segundo esta lógica, seria sensivelmente diminuída a quantidade de “sacolinhas soltas” no meio ambiente). E chegamos a um ponto importante: a redução no volume de sacolinhas utilizadas, dada a possibilidade de um número de pessoas optarem por não utilizá-las, enquanto outro número de pessoas opta por utilizar menos (por exemplo, em compras pequenas, ou quando se parte de casa, usa as sacolas permanentes; em outras situações, as sacolinhas). Assim (e considerado o que tal lógica demanda, o que não seria talvez um desafio impossível, dada a preocupação com o tema), seria garantida tanto a liberdade de escolha por parte das pessoas quanto a contemplação dos “Três ‘R’s” (reduzir, reutilizar, reciclar), em harmonia com os princípios do desenvolvimento sustentável; e também seriam preservados os empregos de cerca de 30 mil pessoas (as quais trabalham na atividade relacionada às sacolinhas) e criados muitos outros por meio da implantação de coleta seletiva eficiente de lixo, bem como o manejo adequado desta questão do ponto de vista ambiental. Fica demosntrado, desta forma, que há alternativas para se lidar com a questão, contemplando o desenvolvimento sustentável, a cidadania e as pessoas. Porém, há algo ainda que me preocupa. Se a maioria de nós adota (por conta do exposto) a postura de abdicar da cidadania relativamente a uma questão referente a uma relação de consumo, quais perspectivas se desenham no horizonte no que diz respeito a outras relações? Cidadania é imprescindível, e, neste particular, ninguém precisa se sentir culpado (vide o exposto neste texto) por recorrer ao legalmente previsto. E, por último, a partir da iniciativa relativa às sacolinhas, se pode começar a questionar uma forma de pensamento (econômico, gerencial, e o mais aplicável) e os efeitos que a manutenção de tal forma de pensamento trazem sobre o meio ambiente, a cidadania e a vida das pessoas. Valhamo-nos também da razão, e de tudo o que se sabe sobre um determinado assunto. Sim, a questão é complexa e não se encerra aqui: espaço aberto à divergência. Um abraço!
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