Olá! Conforme escrevi na postagem datada de 18 de maio, muitas das questões as quais, em nossos dias, têm provocado preocupação, medo e pânico nas pessoas estão relacionadas ao meio ambiente. E, dentre estas questões, talvez a principal seja a relativa ao efeito-estufa, o qual seria, conforme o pensamento mais aceito pela maioria das pessoas, determinante para um cenário de alterações climáticas prejudiciais ao equilíbrio ecológico do planeta Terra tal como o conhecemos. Segundo a Nova Enciclopédia Ilustrada Folha, efeito-estufa é o “fenômeno de isolamento térmico do planeta por efeito da presença de certos gases provenientes da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo), florestas e pastagens. Os gases causadores do efeito estufa – principalmente o dióxido de carbono, mas também o metano, o ácido nitroso e clorofluorcarbonetos (CFCs) – mantém o calor proveniente do Sol, de forma semelhante ao vidro de uma estufa, permitindo que a energia luminosa penetre na atmosfera e impedindo que a radiação proveniente da superfície aquecida do planeta se dissipe. A maioria dos gases causadores do efeito estufa ocorrem naturalmente na atmosfera terrestre (o metano, por exemplo, é produzido na decomposição da matéria animal e vegetal), e sem eles não haveria vida no planeta (...)”. Sobre este último ponto, creio que nos caiba também considerar todos os mecanismos de retenção de calor pela superfície da Terra: por exemplo, e um dos exemplos, o papel dos mares neste particular). Vejamos agora algo sobre a estufa, também da Nova Enciclopédia ilustrada Folha: “Edificação de vidro ou plástico transparente sustentada por uma leve estrutura de madeira ou metal, utilizada para fazer com que as plantas cresçam mais rapidamente através do controle artificial da temperatura, ou para cultivar plantas que não floresciam no clima local. As estufas fornecem o máximo de luz possível para uma área fechada e tendem a reter calor (...)”.O fundamento da definição do efeito-estufa é a analogia entre a ação desta massa de gases (principalmente o dióxido de carbono, mas também o metano, o ácido nitroso e os CFCs) e a ação do plástico ou vidro transparente de uma estufa quanto ao seu papel relativamente à retenção de calor. Aqui, neste particular, podem ser aplicadas, para análise da validade da aplicação da metáfora da estufa, a Regra I e Regra II das “Regras de Raciocínio em Filosofia” propostas por Isaac Newton em “Princípios Matemáticos de Filosofia Natural”. Regra I: “Não devemos admitir mais causas para as coisas naturais do que as que são verdadeiras e suficientes para explicar suas aparências”; Regra II: “Portanto, aos mesmos efeitos naturais temos de atribuir as mesmas causas, tanto quanto possível”. A partir destes princípios, analisemos a metáfora da estufa e de sua aplicação ao princípio do efeito-estufa. Listemos prováveis causas as quais podem ser verdadeiras e suficientes (basta a admissão de uma delas para tal). Pois bem: para que a hipótese da reflexão do calor por tal massa de gases seja aplicável, seria necessário que tanto o material de que é feita a estufa (vidro ou plástico transparentes) quanto a massa de gases (principalmente o dióxido de carbono, mas também o metano, o ácido nitroso e CFCs): 1) atuassem analogamente a um semicondutor (grosso modo, um semicondutor permite a passagem da energia em apenas um sentido, e não no sentido oposto), permitindo que a radiação solar atravesse tal massa no sentido Sol-Terra, e, uma vez refletida pela superfície terrestre, não permitisse a passagem desta radiação no sentido Terra-espaço exterior à Terra; 2) a radiação solar sofresse alguma alteração ou fracionamento ao ser refletida pela superfície da Terra, de forma a justificar a não reflexão de uma determinada fração desta radiação no sentido Sol-Terra e a reflexão hipotética de uma fração (ou mais frações) desta radiação no sentido Terra-espaço exterior à Terra (a camada de ozônio, por exemplo, reflete frações da radiação solar antes que estas cheguem à superfície da Terra, porém não atua analogamente a um semicondutor: as refletem antes que estas cheguem à superfície da Terra ; 3) ou outra hipótese a qual indique a reflexão, por esta massa de gases, de calor em uma de suas formas de propagação (ou, como indicam algumas fontes, “reflexão de radiação infravermelha”). Segundo os princípios indicados, para que a metáfora da estufa seja válida tal deve se dar tanto pelo plástico ou vidro transparentes da estufa quanto pela massa de gases; do contrário, não se poderiam considerar verdadeiros os fundamentos da utilização da metáfora da estufa, por insuficiência de causas verdadeiras para justificar a semelhança: a confirmação de uma das hipóteses levantadas bastaria para explicar a metáfora; do contrário, seria inválida a utilização da metáfora da estufa. Sobre a estufa, consideremos que esta constitui uma área fechada, não permitindo, em circunstâncias normais, que o ar aquecido no interior da estufa siga a sua tendência natural de deslocamento - uma vez que é nisto limitado pelo teto e pelas laterais da estufa (pode-se verificar o mesmo princípio aqui: um automóvel o qual permanece por um tempo com os vidros totalmente fechados e exposto ao Sol – notar que alguns veículos com mecanismo de acionamento elétrico dos vidros proporcionam a possibilidade de estes permanecerem ligeiramente abertos para que o ar aquecido, seguindo sua tendência natural de deslocamento - grosso modo, “ar quente sobe; ar frio desce” - possa sair; também são encontrados no mercado sistemas de exaustão do ar do interior do veículo, a serem utilizados quando o automóvel permanece exposto à radiação solar, tornando, desta forma, um pouco mais agradável a temperatura em seu interior. Sendo assim, pode-se dizer que a tendência de uma estufa a reter calor decorre de sua capacidade de manter coesa uma massa de ar aquecida, impedindo que esta se desloque; e, a partir deste raciocínio, poderia-se supor ainda uma outra forma de atuação para tal massa de gases, de forma que seja válida a metáfora da estufa: impedir que uma massa de ar aquecido se desloque, seguindo sua tendência natural, para maiores altitudes atmosféricas, tal como o fazem o plástico ou o vidro transparentes da estufa (não saberia dizer, neste momento, se uma massa de gases teria esta propriedade relativamente a outra massa de gases, desconsideradas aqui hipotéticas diferenças de pressão atmosférica entre as altitudes atmosféricas nas quais se posicionariam a referida massa de gases e a massa de ar aquecido. Agora, uma consideração importante: observando um dia nublado, me pareceu que a metáfora da estufa seja mais aplicável ao que ocorre em um dia nublado (aumento de temperatura, aumento da umidade relativa do ar, e outros fatores – porém, no caso de um dia nublado, muitas variáveis explicam cada um destes fatores e o efeito do conjunto destes: sou leigo na área) do que a um fenômeno de retenção de calor; e, deste modo, seria verificado na utilização da metáfora da estufa mais um apelo direto a uma determinada sensação do que de argumentos os quais falem à razão das pessoas, estes indispensáveis, em minha opinião, para que se possa proceder à correta análise de uma questão complexa e importante como esta, a qual potencialmente afeta a todos nós. Há de se considerar ainda um segundo ponto: a permanente “satanização” das pessoas as quais adotam uma posição divergente a respeito do comumente aceito nesta questão. Considerando os dois pontos indicados (apelo direto mais a uma sensação que à razão e permanente “satanização” da divergência), e a questão “efeito-estufa” e tudo o que ela representa, surge talvez o imperativo da aplicação do Método da Dúvida de René Descartes: a suspensão do julgamento a respeito de toda crença ou convicção até que possa ser mostrado que ela deriva sistematicamente de crenças mais certas. Diante da aplicação do Método da Dúvida, pode-se argumentar: “mas a vida na Terra não dispõe de tempo para esperar: as geleiras, por exemplo, estão derretendo” (talvez, a partir da noção de “albedo”, caibam considerações para explicar o que ocorre com as geleiras: “albedo é a percentagem da radiação incidente refletida por uma superfície sem que esta se aqueça. No caso da radiação solar refletida pela Terra e sua atmosfera o albedo é de aproximadamente 36%, o que significa que 36% da energia solar é refletida diretamente de volta ao espaço” - Nova Enciclopédia Ilustrada Folha. Alterações na cobertura vegetal do Planeta Terra, notadamente no relativo às florestas, talvez poderiam se refletir em uma sensível alteração no percentual de albedo – talvez! - fazendo com que uma fração da radiação solar a qual seria refletida por esta cobertura vegetal incida diretamente sobre o solo ou sobre uma outra cobertura vegetal a qual não teria a mesma capacidade de refletir a radiação solar como o teriam, por exemplo, as florestas. E uma vez tendo uma maior superfície exposta à radiação solar – cabe considerar, por exemplo, que no Brasil apenas 0,2% da área total de superfície são ocupadas por cidades e por obras de infraestrutura - acredito, alteraria regimes de ventos, por exemplo e um dos exemplos aqui possíveis - se poderia indicar uma proto-hipótese para explicar o derretimento de geleiras, caso tais considerações aqui apresentadas tenham fundamento – e, se realmente tiverem fundamento, tal indica que temos de olhar com mais cuidado para estas questões). Particularmente, diria que, a respeito, tenho as minhas convicções, e a partir destas diria não haver motivo para pânico: há, sim, motivos de sobra para que atentemos às questões que se colocam: porém não vejo razões para pânico. Contudo, e ao menos até que se prove o contrário, minhas convicções são apenas minhas convicções. Um abraço!
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