Meu pai era meu pai e não era meu pai. Meu pai, sendo meu pai, nunca foi meu pai. Meu pai foi casado e teve 5 filhos. Mulher repudiada, mas ele não repudiou; se separou dela mas não anulou o casamento com uns 2 km de fundamentação para fazer. É o que ele escolheu. O segundo homem que se divorciou no Brasil é de Barretos. Meu pai estabeleceu uma relação de concubinato com minha mãe. Ilegitimidade filial, posição que meu pai ratificou no fim da vida. Era meu pai, morava aqui, exercia autoridade, cumpria obrigações materiais mas nunca foi meu pai. Isso determinou minha vida por 41 anos. A principal referência da minha vida era um irmão de meu pai, que morreu quando eu tinha 8 anos. Se a perspectiva fosse legalista, isso poderia ser resolvido, já que meu pai escolheu assim, em 1984. Até 1998 eu era tutelado. Então meu pai me legou o sobrenome dele, mas isso não fez muita diferença. Penso que nesses casos o abandono é melhor, porque é mais difícil do ponto de vista material e institucional, mas pelo menos você é livre. Não tive sua felicidade, Trump. É da minha cultura, meu pai era o que era em relação a mim,mas é o único pai que tive. Nando Reis, "Sebastião".
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